Marrupa, Niassa, Moçambique - Nas zonas remotas da província do Niassa, as mulheres jovens estão a dar um passo em frente - e a trazer os seus pares com elas - para aceder a cuidados que salvam vidas. Através de um projecto vital centrado no apoio às estratégias de recuperação e resiliência do Governo de Moçambique para a região norte do país, o UNFPA está a expandir significativamente o acesso à saúde e direitos sexuais e reprodutivos (SDSR) e a reforçar a prevenção, mitigação e resposta à violência baseada no género (VBG), com o apoio crucial do Governo da Noruega.
O projecto - Reforço do Acesso e Disponibilidade de Serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva que Salvam Vidas e de Prevenção e Resposta à Violência Baseada no Género para Mulheres e Raparigas Vulneráveis Impactadas pelo Conflito no Norte de Moçambique - está a fazer uma diferença tangível nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa. A iniciativa está a alcançar resultados importantes, incluindo: o aumento da capacidade das unidades sanitárias para fornecer serviços abrangentes de SDSR, um melhor acesso a cuidados obstétricos e neonatais de emergência, no fornecimento de serviços de SSR amigo dos adolescentes e jovens, uma maior disponibilidade de serviços para sobreviventes de violência, e uma coordenação reforçada da VBG e redução do risco de exploração e abuso sexual. Além disso, tem vindo aumentar também a disponibilidade de dados para melhor compreender e responder às necessidades da comunidade.
Celsa Eduardo, uma jovem determinada de uma comunidade rural do Niassa, sabe em primeira mão como o acesso a estes serviços pode ser transformador. “Tenho uma amiga que tem dois bebés com menos de dois anos”, diz ela. "É muito mau porque ela está a passar por dificuldades e só tem 16 anos. Vim para cá para fazer planeamento familiar e trouxe-a comigo para que ela também o possa fazer."
A sessão de sensibilização na qual Celsa participou fez parte de uma brigada móvel de saúde integrada apoiada pelo UNFPA, a agência das Nações Unidas para a saúde sexual e reprodutiva. Estas brigadas prestam serviços vitais, como aconselhamento, várias opções contraceptivas e educação para a saúde, prestados com cuidado, confidencialidade e respeito. Isto está directamente relacionado com o objectivo do projecto de aumentar a disponibilidade e a acessibilidade de serviços integrados de SDSR, incluindo a gestão clínica da violação, nos centros de reassentamento e nas comunidades de acolhimento.
“Hoje, sei o que é o planeamento familiar”, acrescenta Celsa. "As enfermeiras são muito boas a explicar o que é e quais são as nossas opções! Nem sequer me apercebi que havia tantas. É bom que não se esqueçam de nós. Por vezes, as coisas realmente importantes não chegam a sítios remotos. Mas esta chegou", partilha Celsa.
Por detrás destes serviços estão profissionais empenhadas como Guida André Moagem, uma enfermeira de saúde materno-infantil que trabalha na comunidade há oito anos. Com o apoio da Noruega, as profissionais de saúde como Guida recebem formação e recursos cruciais para prestar serviços do amigo dos adolescentes e jovens e envolver as famílias para desafiar as normas sociais que limitam as escolhas das mulheres e raparigas, o que se alinha com o objectivo do projecto de reduzir o risco de VBG através de iniciativas de prevenção e mitigação de riscos.
“O meu maior desafio na comunidade é conseguir divulgar a mensagem e fazê-la chegar até eles”, explica Guida. "Há muitos tabus e mitos. A maioria [dos maridos] não deixa as suas mulheres fazerem planeamento familiar."
Num lugar onde os serviços parecem muitas vezes fora do alcance, jovens como Celsa não só estão a aceder aos seus direitos - estão a ajudar outros a fazer o mesmo, graças ao apoio impactante do Governo da Noruega e ao trabalho dedicado do Governo de Moçambique, organizações da sociedade civil, do UNFPA e , claro, dos profissionais de saúde.